O Brasil é um dos países com maior produção de frutas tropicais como a banana, destacando-se ainda o Nordeste pela produção de especiarias e plantas medicinais. Em toda a região é amplo o uso de plantas medicinais populares e resistentes à seca, as quais possuem facilidade de cultivo, contendo diversas substâncias ativas, além da importância de suas reconhecidas propriedades funcionais e fitoterápicas. Muitas famílias da agricultura familiar são beneficiadas pela comercialização destes alimentos, o que contribui diretamente para a geração de renda e empregos. Contudo, o mal aproveitamento e distribuição dessa expressiva produção acarreta índices significativos de desperdício, especialmente associado ao não aproveitamento integral de partes convencionalmente chamadas de “não comestíveis”, como talos, cascas, sementes e caroços. Diante da constante preocupação dos consumidores com o consumo integral de alimentos mais saudáveis, a redução dos impactos na natureza e problemas sociais relacionados com a fome e desnutrição, considerou-se a utilização da casca de banana e especiarias na elaboração de doces artesanais como uma potencial alternativa de interesse regional e comercial. Deste modo, objetivou-se com esta pesquisa elaborar doces artesanais a base de casca de banana adicionados de especiarias, como cravo, canela e gengibre, caracterizar as propriedades físico-químicas e sensoriais. Com esse propósito, desenvolveu-se quatro formulações de doces artesanais com farinha de casca de banana, sendo FA sem acréscimo de especiaria, FB acrescida de cravo, FC acrescida de canela e FD acrescida de gengibre. Estes produtos foram submetidos a caracterização físico-química (umidade, pH, acidez total e sólidos solúveis totais) e análise sensorial de aceitação, quanto aos parâmetros de cor, sabor, aroma e aceitação global, bem como foi avaliada a intenção de compra dos consumidores. Observou-se que os doces apresentaram baixo pH e teor de sólidos solúveis totais, assim como acidez total e umidade médias de 0,91 e 41,95%, respectivamente. O doce artesanal controle, sem acréscimo de especiarias, não demonstrou diferença significativa a 5% de significância pelo teste de Tukey na maioria dos parâmetros avaliados em relação aos demais tipos de doces artesanais. Os produtos ainda indicaram boa aceitação sensorial, destacando-se o doce acrescido de canela, principalmente nos atributos cor e aroma. Além disso, a intenção de compra dos doces artesanais obteve médias positivamente entre 3 e 4, que correspondem ao termo “talvez comprasse/ talvez não comprasse” e “provavelmente compraria o produto”. Portanto, infere-se que os doces artesanais de casca de banana acrescidos de especiarias podem ser opções interessantes do ponto de vista cultural e especialmente mercadológico alimentício pela valorização de especiarias e a diversificação de sabores regionais. A formulação com canela apresentou-se como mais bem aceita pelos consumidores, devido as notas numericamente superiores, sendo indicado teste de adição destas especiarias em outras concentrações, visando a avaliação de uma limiar de aceitação mais precisa.