A região semiárida do Nordeste do Brasil vivencia, com freqüência, anos de seca e estiagem. Estes são os fenômenos naturais mais comuns e que mais impactam o meio ambiente local. A escassez de água no semiárido ainda promove o êxodo rural e o inchaço das grandes cidades, a agricultura familiar é seriamente comprometida (Anuário Brasileiro de Desastres Naturais, 2012). A variabilidade das chuvas no semiárido ano a ano é característica marcante da região, com alternância de ciclos de anos secos e chuvosos. O ciclo mais recente foi iniciado em 2012, com o ano de 2018 sendo o sétimo ano deste ciclo. Neste intervalo, muitos veículos de comunicação tem como chamada principal notícias de alerta que indicam a seca de determinado ano como a maior dos últimos 20, 50 ... 100 anos. Este trabalho teve como objetivo analisar os desvios de precipitação do primeiro semestre de 96 estações meteorológicas da região Nordeste para todos os anos do período 1961-2015, a fim de verificar quais os anos mais secos e identificar o fenômeno climático de grande escala associado à seca. para chegar aos anos em que os desvios negativos de precipitação foram mais significativos para a intensidade e cobertura espacial da seca no semiárido, foram analisados o número de estações que apresentaram seus três maiores déficits por ano. De forma relevante, foi possível identificar os oito anos mais secos. Seguindo o ranking de acordo com o número de estações que apresentaram determinado ano como sendo o seu primeiro, segundo ou terceiro ano mais seco, 1993 pode ser considerado o ano de seca mais severa na maior parte do Nordeste, com 58 estações classificadas seguindo esse critério, 1993 também foi o ano que apresentou o maior número de estações com o maior desvio negativo de chuvas em todo o histórico analisado: 22. 2012 pode ser considerado o segundo mais seco com 42 estações mostrando-o entre os três anos mais secos, 1990 o terceiro com 28 estações, 1998 o quarto ano mais seco com 27 estações, 1983 o quinto ano mais seco com 24 estações, 2013 o sexto ano mais seco com 7 estações, 2015 e 2014 o sétimo e oitavo anos mais secos com 5 e 4 estações, respectivamente. Destes oito anos, o mais antigo entre eles é 1983. Logo, em 2015, os veículos de comunicação poderiam no máximo afirmar que aquele poderia ser, em alguns locais do semiárido, a maior seca em 32 anos. Não se pode afirmar que a seca de determinado ano é a maior em 100 anos, por exemplo, sem uma análise criteriosa da abrangência das secas mais recentes, pois muitas estações meteorológicas nem tem registros de chuvas tão antigos para permitir tal comprovação. É preciso verificar e se atestar que as secas são recorrentes no semiárido nordestino, não são um fenômeno raro com tempo de retorno longo. Pôde-se observar também, que destes oito anos mais secos, cinco deles ocorreram sob a influencia de El Niños classificados como fortes no Oceano Pacífico central (Rodrigues at al, 2015), e três sob a influencia da fase positiva do Dipolo do Atlântico (Silva et al, 2013).