RESUMO - As políticas de distribuição de renda através de programas sociais no Brasil, se intensificaram no início do século XXI, com destaque para o Bolsa Família e uma reestruturação da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS). A meta governamental, nos dois governos de Luís Inácio Lula da Silva (2003 – 2011) através do Bolsa Família, era o de aperfeiçoar e expandir o modelo de programas sociais iniciado no segundo governo de Fernando Henrique Cardoso (1999 - 2003), garantindo o acesso de mais famílias carentes a esses programas. A prioridade de Lula era levar o Bolsa Família e seus benefícios a mais de treze milhões de famílias que se encontravam em situação de miséria extrema, evidenciando o foco do referido governo em promover a efetiva redução da imensa desigualdade social e econômica historicamente presentes na realidade brasileira, promovendo melhoria nas condições de vida e incentivando o ingresso e permanência de crianças e jovens de baixa renda na educação básica e superior, além de acesso à saúde, em virtude da concessão do benefício ser condicionada à manutenção das crianças e jovens na escola e obediência ao calendário de vacinação, comprovado por cartão distribuído e preenchido nos postos de saúde. Entretanto, segundo relato de proprietários rurais da região do Sertão de Crateús, no estado do Ceará, que se mostram contrários ao auxílio, o programa criou um paradoxo para muitos homens do campo, que apesar de desempregados, passam a ter uma garantia de renda fixa e têm se recusado a se submeter a trabalhos braçais disponíveis no campo, vivendo dos benefícios ofertados pelo governo e de alguns poucos “bicos”, reforçando o discurso do comodismo de críticos aos programas sociais de distribuição de renda. Este trabalho visa refletir sobre a situação social e econômica no campo, a partir de uma realidade objetiva, tomando como referência, a visão de trabalhadores rurais beneficiários de programas sociais, como o Bolsa Família e fazendeiros dos distritos de Santo Antônio dos Azevedos e Tecelão, ambos situados na micro região do Sertão de Crateús. A metodologia adotada se caracteriza pelo levantamento bibliográfico de produções relacionadas ao tema da seguridade social, políticas de transferência de renda e combate à fome e transformação socioeconômica do homem do campo decorrente de políticas públicas; pesquisa de campo, entrevista semi estruturada com trabalhadores rurais e proprietários de terra na região dos Sertões de Crateús, na qual abordaremos suas impressões e perspectivas acerca da influência de programas sociais na oferta e demanda por trabalho no campo. Esperamos com este trabalho compreender as diferentes visões para a questão da oferta, demanda e condições de trabalho no campo, tomando como referência as realidades ímpares e antagônicas acerca da importância que atribuem a programas sociais de distribuição de renda para a construção dessa nova realidade socioeconômica no cotidiano tanto do homem do campo, que inclui o desde o proprietário rural às diversas comunidades camponesas.