Introdução: A leucena (Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit.) é uma leguminosa originária do México, sendo encontrada em toda região tropical (SKERMAN, 1977). É pertencente à família Fabaceae, sendo considerada uma espécie invasora que pode afetar a biodiversidade do local em que se instala, através da competição com as espécies nativas. A leucena possui características que favorecem o processo invasivo, como rápido crescimento (FRANCO; SOUTO, 1986), e florescimento todo o ano com alta produção de sementes (ALVES et al., 2014). Conforme comprovado por Chou e Kuo (1986), a atividade alelopática da leucena é atribuída ao aleloquímico mimosina. Como é um fenômeno que ocorre largamente em comunidades de plantas, a alelopatia é um dos mecanismos por meio do qual determinadas plantas interferem no desenvolvimento de outras, alterando o padrão e a densidade (SMITH, 1989). Objetivo: Sendo assim, o presente estudo teve como objetivo principal contabilizar as árvores que estavam sofrendo alelopatia pelas leucenas na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte no campus central em Mossoró/RN, além de identificar a quantidade de leucenas presentes no campus, tendo importância para entender a distribuição desta espécie. Metodologia: O trabalho foi realizado em outubro de 2018 na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, no município de Mossoró/RN. Esta região é caracterizada por ser pertencente ao bioma caatinga, que possui um clima semiárido. A coleta de dados se deu através de caminhadas aleatórias pelos blocos FAEF, FASSO, FAD, FE, FALA, FACIC e FANAT no campus central, onde foi contabilizado o número total de árvores, o número total de leucenas e o número de árvores que estavam sofrendo alelopatia por leucenas. Resultados e discussão: Das 418 árvores encontradas pelo campus central, 74 tinham uma leucena crescendo em sua proximidade, ou seja, aproximadamente 18% das árvores do campus estão sofrendo alguma influência da atividade alelopática da Leucaena leucocephala. Foram contabilizadas 91 leucenas que não estavam relacionadas a outra planta, sendo assim, foram encontradas um total de 165 leucenas, estando relacionadas ou não a outra planta. Durante a pesquisa em campo, foram visualizadas muitas sementes dispersas abaixo e em locais próximos de onde haviam leucenas, assim como relatado por Baskin (2014), o tipo de dispersão e a quantidade de propágulos produzidos pela leucena sugere que a espécie forma um banco de sementes abaixo da sua copa. Esse banco é caracterizado pelo acúmulo de sementes no solo que não germinam e podem ser viáveis por anos. Para controlar a comunidade das leucenas e a rápida dispersão das mesmas no campus da UERN devem ser tomadas algumas medidas para que o ecossistema nativo não seja afetado. Zárati (1987) e Lorenzi et al. (2003), afirmam que a leucena tem uma multiplicidade de usos, inclusive, forragem para gado, sendo assim, pode-se trazer como alternativa para controlar a rápida dispersão dessa planta o uso da mesma para o alimentação do gado, uma vez que, no Nordeste, foi introduzida como alternativa para o suprimento forrageiro do gado (SOUZA; ESPÍNDOLA, 2000). Verificou-se a morte em que a leucena cresceu nas proximidades. Não se pode afirmar que a morte decorreu da presença da leucena, para isso, seriam necessárias pesquisas bioquímicas para a melhor análise do efeito da leucena sob essas plantas. Entretanto, há algumas pesquisas na literatura que comprovam que a leucena pode interferir na germinação e desenvolvimento de outras plantas. Chou e Kuo (1986) comprovou que as folhas de leucena apresentam fitotoxidade sobre a alface. Scherer et al. (2005) também já haviam constatado anteriormente a atividade alelopática de leucena sobre espécies arbóreas como a canafístula (Peltophorum dubium Spreng), mostrando que a leucena pode interferir em algumas espécies influenciando sua germinação ou desenvolvimento.