Originalmente o termo ‘ablepsia’, baseado no DicionárioMédico.com (2017, p.1), representa ‘cegueira’ ou ‘perda da visão’. Todavia, neste trabalho, tal expressão conota ‘aquilo que é, a priori, inaparente’ ou ‘imperceptível’. A partir de um longo processo analítico de revisão de diversos métodos e técnicas, bem como (re)avaliação de inúmeras publicações que as empregaram, entende-se que as ‘ablepsias’ advém da ‘absolutização’, ou seja, a não relativização dos resultados obtidos de uma análise frente a(s) sua(s) limitação(ões) e contexto(s) (social, econômico, político, ambiental, metodológico, temporal e/ou espacial). Como consequências, são produzidos, frequentemente, diagnósticos incompletos/equivocados e, notadamente, inferências indevidas em relação ao fenômeno/variável estudada. Em linhas gerais, a avaliação da tendência de componentes ou variáveis ambientais têm se realizado por meio de inúmeras técnicas. Especificamente para os estudos envolvendo ‘Tempo e Clima’, a Organização Meteorológica Mundial (OMM), em 1988, sugeriu que tal procedimento fosse realizado através da técnica de Mann-Kendall (LIMEIRA et al., p.105; 2012, p.105; SOUSA e SILVA, 2013, p.443). Todavia, a partir das conjecturas mencionadas, vem se percebendo nuâncias neste processo. Deste modo, objetivou-se criticar as ‘perspectivas conclusivas’ dos Métodos Quantitativos (sobretudo, do teste de Mann-Kendall) na avaliação da tendência da precipitação pluviométrica acumulada na quadra chuvosa (FMAM) do Semiárido do estado do Rio Grande do Norte (RN). Para tanto, foram levantadas as Normais Climatológicas (NCs), relativas aos cinco Postos Pluviométricos (PPs) e/ou Estações Climatológicas Principais (ECPs) analisadas e empregadas séries temporais anuais balanceadas. Ainda quanto as citadas séries, essas dão conta, intencionalmente, do recorte temporal dos últimos 20 anos (1998-2017). Portanto, devido ao seu número de dados (‘n’), elas são classificadas como Normais Provisórias (NPs) que, como define o INMET (2018, p.3): “... são médias de curto período, baseadas em observações que se estendam sobre um período mínimo de 10 anos”. Ademais, como estatística base para execução do trabalho, empregou-se a própria técnica de Mann-Kendall. Além disso, foi utilizado o sistema computacional ‘Action Stat’, versão ‘Pro’, como uma ferramenta específica para realização das etapas de codificação, tabulação, processamento, produção de recursos gráficos e análise dos dados. Por fim, como ‘contraponto metodológico’, fez-se uso da concepção teórico-prática de ‘Resíduo’, entendido como “... a diferença entre o valor observado e o valor predito... (MELLO, 2014, p.209)”. Destaca-se que o termo ‘predito’, neste caso, foi conotado como ‘calculado’ (SINÔNIMOS, 2018, p.1). Por fim, utilizou-se o ‘Desvio Absoluto’ que, segundo Mello (2014, p.68) “é uma MEDIDA DE DISPERSÃO que é igual à soma das diferenças, em valores absolutos, entre valores observados e sua média, dividida pelo número total de observações”. Quanto aos resultados, observou-se que todas as ECPs apresentaram valores positivos para o somatório de ‘S’ (estatística do teste), dados por: Apodi-RN (10), Caicó-RN (8), Cruzeta-RN (4), Florânia-RN (6) e Macau-RN (10). O sinal positivo obtido indica que, em linhas gerais, os dados cresceram com o tempo. Portanto, conclui-se que, nas últimas duas décadas, o padrão observado da precipitação acumulada na estação chuvosa (FMAM) foi de aumento. Ou seja, no período avaliado, houve uma tendência de elevação do volume de chuvas na quadra chuvosa (FMAM) do Semiárido do RN. Todavia, observando-se os resultados dos cálculos dos ‘Resíduos’ e do ‘Desvio Absoluto’, para cada ECPs, irá se notar que, nas últimas duas décadas, ao contrário do que sinalizaram os resultados de Mann-Kendall, houve um significativo déficit, na grande maioria dos anos, dos totais acumulados anuais na quadra chuvosa (FMAM) em comparação àqueles tidos como ‘Normais’. Tal conclusão é balizada pelos resultados a seguir: 1. Entre 70% e 85% dos anos avaliados (1998-2017), os acumulados foram inferiores as NCs de cada PP/ECP; 2. Os Desvios Médios variaram entre -191,1mm e -302,1mm.