RESUMO: Este artigo surge de inquietações a partir da análise de gramáticas escolares e livros
didáticos. Ficou perceptível que, diante de material desse tipo, na atualidade, as aulas de língua
materna continuam centradas na linguística de vertente estrutural. Assim, percebe-se, quase que
ausentes, os aspectos epilinguísticos e sociointeracionais contribuintes necessários ao conhecimento
com relevância social do idioma nativo para se impor aos alunos longos exercícios de análise formal.
O presente trabalho objetiva reconhecer que os gêneros discursivos devem constituir o centro do
ensino voltado para o letramento, leitura como prática social. Dessa forma, objetivando redirecionar o
foco das aulas de língua materna, procurou-se à luz de Marcuschi (2018), Ingedore e Elias (2007)
conceituar as concepções de linguagem a fim de centrar o trabalho escolar em uma perspectiva de
práticas de letramento. Buscando ainda aporte teórico em Bakhtin (2004), reconhece-se que os
trabalhos com gêneros textuais são basilares, em sua forma, composição e conteúdo; para o
distanciamento de aula de gramática puramente metalinguística como propõem, mesmo
contemporâneos, os materiais didáticos. Sugere-se, aqui, com base nos preceitos de Sequências
Didáticas por Dolz e Schneuwly (2011), uma breve proposta com a pretensão de englobar leitura,
escrita e atividades de reflexão sobre a língua em situações de uso. Compreende-se que a pedagogia de
ensino, tendo como atividades com os mais diversos gêneros, promove o letramento, pois permite ao
aluno autonomia frente o contexto cultural que envolve os textos, reconhecendo a norma-padrão como
um dos recursos para interagirem em diferentes domínios sociais.