Resumo:
Trazer a discussão sobre a histeria em Luiza, personagem principal de O primo Basílio (1878), do escritor lusitano Eça de Queiroz (1845 – 1900), é, antes de tudo, buscar compreender o lugar da mulher em uma sociedade alicerçada nos valores do patriarcado que, de maneira arbitrária, circunscreve o corpo feminino ao espaço doméstico. Nessa perspectiva, questionar esta mulher é entender a sociedade pela óptica do realismo português, tendo como pano de fundo a ascensão da burguesia e a hipocrisia que encobria o escárnio social. Isto posto, propomo-nos analisar a personagem feminina da narrativa em foco, utilizando-nos do aparato teórico da psicanálise, compreendendo, também, os princípios vigentes à época. Pretendemos, ainda, investigar, por meio da categoria da histeria, como Luiza se inscreve ao longo da obra e examinar as suas transgressões como maneira de contestar as amarras impostas pela sociedade.