Sabe-se que os Parâmetros Curriculares Nacionais sinalizam que é fundamental o domínio da competência leitora e da competência escrita pelos estudantes da educação básica a fim de desenvolverem a criticidade e a autonomia, isto é, os jovens devem ser capazes de ler, escrever e interpretar os mais diversos gêneros e tipos de textos. Para isso, faz-se necessário que a escola promova o letramento literário em sala de aula, com o intuito de formar leitores críticos, garantir a fruição da leitura, humanizar leitores considerando o direito à literatura proposto por Antonio Candido (1995). Neste contexto, a crônica emerge nesse cenário escolar como um gênero literário que proporciona aos seus leitores o conhecimento do universo cotidiano a partir de uma linguagem subjetiva, carregada de emoções e sentimentos que desnudam os registros do dia a dia, “a vida ao rés do chão” como pontua Candido (1992). Entre os inúmeros cronistas brasileiros, optou-se pela leitura das crônicas de Paulo Emílio Coelho Barreto, mais conhecido pelo seu pseudônimo João do Rio, a partir da obra A alma encantadora das ruas, a fim de conhecer o cotidiano da capital da república brasileira no início do século XX, através de personagens que estavam nas margens da sociedade. Assim, esse artigo tem como objetivo apresentar uma proposta de leitura literária das crônicas de João do Rio com o intuito de formar leitores literários, a partir da proposta de Rildo Cosson (2007) que utiliza a sequência didática como abordagem metodológica para o ensino de literatura.