A peça teatral O santo inquérito, do dramaturgo baiano Dias Gomes, conta a saga da cristã-nova Branca Dias e sua família, perseguidos pela Inquisição, no ano de 1750, na Paraíba. A família Dias é acusada e condenada devido à suposta prática de judaísmo, embora a protagonista afirme ser cristã. Ainda que a personalidade Branca Dias e seu esposo Diogo Fernandes, famoso casal judaizante do século XVI, tenham numerosos detalhes de suas vidas registrados na história, Dias Gomes (re)criou sua personagem a partir de lendas e das narrativas históricas sobre o sujeito real que a inspirou. Os interrogatórios inquisicionais, o medo e insegurança vivenciados pelos cristãos-novos, assim como o enorme poder da Igreja estão referenciados no texto literário em estudo. No entanto, a Branca Dias de O santo inquérito deseja ser cristã, ao passo que a personalidade histórica, segundo diversos historiadores, morre criptojudia. Assim, temos por objetivo estudar as relações entre história e ficção na obra literária sob análise. Investigaremos ainda o posicionamento do dramaturgo quanto aos fatos históricos envolvendo a personalidade Branca Dias, e como tais fatos foram apropriados e (re)presentados pelo dramaturgo.