O presente trabalho tem por objetivo refazer criticamente o percurso de construção do conceito de literatura negra ou afrodescendente no Brasil, desde um olhar histórico-literário. Constata-se que tal conceito tem suas origens no movimento político e literário da negritude e resulta mais recentemente na noção de literatura afro-brasileira, uma categoria conquistada pelos esforços em grande medida dos próprios escritores negros, a qual, apesar de minoritária, tem contribuído para dar visibilidade a sua produção, passando da marginalidade ao reconhecimento no interior da instituição literária. Para tanto, o estudo fundamenta-se em publicações de estudiosos brasileiros dessa vertente na literatura brasileira, tais como Zilá Bernd, Eduardo de Assis Duarte, Maria Nazareth Soares Fonseca e Márcio Barbosa, sendo este representante do grupo Quilombhoje, responsável pela publicação do periódico Cadernos Negros, um dos principais veículos que tem contribuído para inclusão da vertente afro na literatura brasileira. Nesse sentido, a reflexão empreendida tem por base ainda questões relacionadas à teoria e à crítica literária dos estudos culturais e pós-coloniais, os quais apontam para a ocupação de espaços literários por parte de minorias étnicas como sendo resultado de transformações socioculturais das últimas décadas, como é o caso da história dos negros no Brasil.