Há séculos, a literatura tem sido uma tentativa de resgatar as raízes humanas, fato que ganha relevância, especialmente, com o surgimento da lenda, dessa forma, várias das experiências humanas trágicas, dolorosas e sofridas já foram transformadas em expressões literárias. O poder das palavras manifesta-se, assim, na literatura, pois a mesma nos ajuda a organizar a nossa subjetividade, embora essa continue sempre indecifrável. Nessa linha de raciocínio, propomos neste comunicação, interpretar a simbologia presente na obra Melusina: dama dos mil prodígios (2000), da escritora brasileira Ana Maria Machado, assim, demonstraremos o papel do simbólico através
dos elementos da fonte, castelo, mar, serpente que estão associados ao feminino. Para tanto, nossa fundamentação teórica baseia-se Le Goff (1980; 1999; 2011; 2013). Enquanto para os aspectos do imaginário simbólico Laplantine e Trindade (1997), Chevalier e Gheerbrant (2009), Cirlot (2005), Jung (2000), Bacherlard (2003). A análise mostra que na narrativa de Ana Maria Machado, Melusina não representa o autêntico estereótipo do feminino a todo o momento assume o papel de passividade aos desejos do masculino, sendo sempre dominada pelo homem. Pelo contrário, é ela quem manda e direciona tudo, além do mais, interfere nas decisões de seu esposo, convencendo-o de que se ele sempre ouvi-la permanecerá saindo-se bem nas diversas situações através do imaginário simbólico que a personagem estar associada.