O presente trabalho pretende apresentar uma discussão sobre a poesia do autor brasileiro Manoel de Barros com base nos estudos da área da literatura infantil (ZILBERMAN, 1987; PINHEIRO, 2007) e nas reflexões propostas por Johan Huizinga (1971) sobre poesia e ludicidade. Apesar de ser um autor bastante trabalhado no âmbito acadêmico, ainda existem poucas pesquisas voltadas para a sua poesia infantil, além disso, com base em uma pesquisa realizada por Pinheiro (2017) sobre o PNBE (Programa Nacional Biblioteca da Escola), observamos que o gênero poesia ocupa um espaço muito pequeno nas bibliotecas das escolas se comparado ao gênero narrativo, causando maior dificuldade de acesso das crianças ao texto poético. Dessa forma, acredita-se ser de suma importância o desenvolvimento de pesquisas voltadas para a poesia no âmbito da literatura infantil, observando a importante contribuição de Manoel de Barros nesse gênero. Neste trabalho, foi analisado o livro Poeminha em língua de brincar (2013), composto por apenas um longo poema. A análise foi realizada com base na edição da editora Leya, que reuniu os quatro livros de poesia infantil do autor em apenas um, intitulado Infantis (2013), e não possui as ilustrações da edição original. A partir do desenvolvimento da pesquisa, compreendeu-se a poesia de Manoel de Barros como uma importante representação de literatura que aborda a infância, sem tratar a criança como um sujeito frágil ou incapaz, mas questionador e criativo, apresentando-se, assim, como uma literatura propícia para o leitor mirim, que não se vê diminuído em seus poemas, mas cúmplice em um complexo jogo de linguagem. Assim, este estudo teve como finalidade ampliar a discussão sobre o gênero poesia na literatura infantil e apresentar possíveis contribuições para o assunto, apontando, na obra de Manoel de Barros, os critérios que a tornam relevante no âmbito da literatura infantil e no processo de constituição de leitores de poesia