Embora a relação entre Portugal e o Oriente seja antiga, representações deste na literatura portuguesa oitocentista se dão de maneira tardia. Devido às questões políticas internas e externas que permeiam Portugal ao longo de todo século XIX, o Oriente só ganhará espaço relevante na literatura deste período, de acordo com vários pesquisadores, com Antero de Quental e Eça de Queirós, já no último quartel do século. Para este trabalho intencionamos apresentar uma leitura da relação entre a Europa o Oriente em três obras ficcionais de Eça de Queirós. As obras escolhidas foram: O Mistério da Estrada de Sintra (1870), escrito conjuntamente com Ramalho Ortigão; O Mandarim (1880) e A Correspondência de Fradique Mendes (1900). A escolha de tais obras, além do evidente fato de todas apresentarem imagens do Oriente em algum momento, se dá, principalmente, pela questão temporal. A primeira foi uns dos primeiros textos ficcionais desenvolvidos por nosso autor, ainda durante sua formação intelectual. A segunda, escrita como substituição do manuscrito de Os Maias que Eça prometeu ao redator do Diário de Portugal e não entregou, é um texto publicado entre as três versões de O Crime do Padre Amaro (1875, 1876, 1880), O Primo Basílio (1878) e Os Maias (1888). Portanto, cronologicamente, está em um momento importante da bibliografia queirosiana. E a terceira obra, semipóstuma, mostra já um escritor maduro, em sua última fase. Logo, analisando essas obras de três momentos distintos do escritor, podemos verificar as semelhanças e diferenças do pensamento de Eça ao longo do tempo. Se oportuno, pretendemos fazer breves relações com alguns textos não ficcionais, estabelecendo aproximações e distanciamentos das ideias expostas em textos de diferentes naturezas.