IDENTIDADE E RELIGIOSIDADE AFRO-DESCENDENTES NO ROMANCE EU, TITUBA, FEITICEIRA...NEGRA DE SALEMNo presente estudo literário, o foco principal da nossa leitura diz respeito à construção de identidades e à religiosidade afrodescendente na obra Eu, Tituba, feiticeira... Negra de Salem, de Maryse Condé. A abordagem desse romance requer um exame social histórico da trama romanesca que envolve a heroína, uma mulher negra, escravizada e acusada pela prática de feitiçaria. Para Hall (2006), a identidade é construída entre o eu e a sociedade, e preenche o espaço entre o “interior” e o “exterior”, entre o mundo pessoal e o mundo público. Em particular a construção identitária do negro em diáspora reside por via da memória africana recuperada através de Man Yaya. Esta transmite a Tituba o conhecimento e a utilidade medicinal das ervas para a cura de doenças e práticas ritualísticas, permitindo-lhe a comunicação com os seus ancestrais, o que configuram aos brancos uma prática de feitiçaria. A concepção religiosa judaico-cristão, administrada nas colônias pelo colonizador branco, europeu, se estabeleceu sob o princípio maniqueísta do sagrado e do profano. Tadeu (1997) “assegura que as relações sociais são produzidas por meio de rituais e símbolos, os quais classificam as coisas em dois grupos: as sagradas e as profanas”, gerando tensões nas estruturas sociais através de relações conflitantes entre o sagrado e o profano. Eurídice Figueiredo (1998) afirma que o romance de Maryse Condé “metaforiza a mitificação da feiticeira”, uma vez que Tituba representa o reencontro identitário da diáspora negra com a tradição africana transplantada para o Novo Mundo, as Antilhas. Por conseguinte, fundamentaremos nossa análise em autores como Édouard Glissant, José Ortega y Gasset, Paul Gilroy, Stuart Hall, W.E.B. Du Bois, entre outros.Palavras-chave: Afrodescendência, Identidade, Religiosidade.