A ESCRITA DO CORPO: A ERÓTICA VERBAL DE OLGA SAVARY
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Neste sentido, Paz revela uma forte ligação entre o erotismo e a poesia, chegando a exprimir, por meio de sua genuína veia literária, que o primeiro é uma poética corporal e a segunda uma erótica verbal. Por outro lado, a manifestação erótica é compreendida no viés proposto por Georges Bataille em sua obra O erotismo (1987), como uma forma de transgressão e violação dos interditos. A autora paraense rompe e subverte o imperativo judaico-cristão e, por extensão, o paradigma patriarcal, os quais conduziram ao silenciamento e à subordinação repressiva do corpo feminino. Críticos como Marleine de Toledo, em seu estudo Olga Savary: erotismo e paixão (2009), reconhecem Olga Savary como uma das mais importantes vozes na poesia de natureza erótica no Brasil. De fato, Savary, ao lado de Gilka Machado, Adélia Prado e Hilda Hilst, integra um seleto grupo de escritoras brasileiras que tiveram a ousadia de tratar de uma temática habitualmente vedada à mulher – e que, no entanto, se manifesta, muito embora reprimida, desde Safo de Lesbos, no século VII, confundindo-se portanto com o próprio nascimento da lírica no Ocidente. Com efeito, a poesia de Olga Savary opera uma significativa abertura na configuração de novas dimensões e horizontes de sentido acerca da sexualidade, da identidade e, sobretudo, da realização literária feminina. Escrita que se engendra no próprio corpo, legitimando-o na experiência de liberação seja no manifestar do poético, seja no do erótico. No plano essencialmente plástico e metafórico de seus poemas, a encenação carnal dos amantes transmuta-se na mobilidade e na fluidez do movimento incondicionado das águas. 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