Os venenos de serpentes são misturas compostas majoritariamente por íons e complexas misturas de proteínas, carboidratos, lipídeos e peptídeos conferindo efeitos a níveis fisiológicos. Entre os efeitos possíveis, os distúrbios na coagulação sanguínea é um dos efeitos mais proeminentes em envenenamento com serpentes do gênero Bothrops, devido a presença de toxinas que causam: hemorragias, deficiência na coagulação e ainda inflamações. Dessa forma, os venenos podem ser classificados em: coagulantes e anticoagulantes quando estes atuam no sistema de coagulação sanguínea, de fatores hemorrágicos quando causam lesão vascular, e ainda agregantes e antiagregantes plaquetários quando agem sobre plaquetas. O presente estudo consiste em um estado da arte visando a explanação das principais toxinas que atuam no sistema hemostático durante o envenenamento, através dos aspectos estruturais e mecanismos de ação destas. Inicialmente, as seriproteases são um grupo de enzimas que catalisam uma ampla gama de reações envolvendo a cascata de coagulação. Estruturalmente, esta apresenta dois lobos estruturais β-barril. Adicionalmente, possuem uma cauda C-terminal estendida, que forma uma ponte disulfeto adicional, considerada importante para estabilidade estrutural e regulação alostérica. As metaloproteases, enzimas que dependem de íons metálicos para exercerem suas funções. São responsáveis por induzirem edema, mionecrose, bolhas, dermonecrose, uma reação inflamatória proeminente e hemorragia. As fosfolipases A2 são enzimas também presentes nos venenos de serpentes, estas catalisam a hidrólise de glicerofosfolipideos de membranas celulares - eritrócitos (hemólise) e células do músculo esquelético (rabdomiólise) - contribuindo largamente para o estresse oxidativo.