Medidas administrativas e acadêmicas do governo brasileiro, iniciadas desde 1990, vêm intensificando o trabalho docente, em todos os níveis de educação, e direcionando professores a se adequarem a uma nova cultura mercantil e produtivista. Na educação superior, tal cultura vem se configurando em termos de metas de excelência produtiva, impondo ao professor universitário assumir várias atividades simultâneas num clima de pressão emocional e de alta competitividade. Essa situação vem gerando estresse duradouro e o desenvolvimento de burnout - um tipo de patologia com característica tridimensional (Exaustão Emocional, Despersonalização e reduzida Realização Profissional) que surge como uma reação ao estresse laboral crônico. Essa pesquisa, realizada numa universidade pública, teve como objetivo identificar a existência de associação entre as dimensões de burnout e características sociodemográficas em professores universitários. Participaram da pesquisa 104 professores. Aplicaram-se os instrumentos: MBI e uma Ficha Sociodemográfica. Os resultados indicaram a Exaustão Emocional como principal fator desencadeante de burnout, atingindo 24% da amostra e correlacionando-se diretamente com salário. Na universidade, os mais altos salários são, via de regra, conquistados pela progressão docente, e esta requer produtividade elevada. Assim, os resultados sugerem que o esgotamento psíquico, na amostra, pode estar ligado ao fato de que, para ganhar mais, os professores têm se engajado na cultura produtivista universitária assumindo cargas de trabalho cada vez maiores. Sugere-se que sejam desenvolvidos planos voltados à melhoria da saúde dos docentes psiquicamente esgotados, priorizando as condições de trabalho e as relações interpessoais fornecendo suporte Organizacional e Social no Trabalho.