CARDOSO, Helma De Melo. . E-book CONQUEER... Campina Grande: Realize Editora, 2018. p. 771-782. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/40260>. Acesso em: 07/11/2024 03:15
O presente artigo busca problematizar o regime de verdades produzido e reafirmado a partir dos ataques aos estudos feministas, de gênero e sexualidade que objetivam reafirmar a heteronormatividade e as normas de gênero binárias, chamados por seus criadores de “ideologia de gênero”, a partir da análise de alguns vídeos disseminados na internet. A ideologia de gênero existe, mas não corresponde aos estudos feministas e de gênero, é apenas um dispositivo surgido para promover uma agenda antifeminista, muito conservadora e contrária aos direitos plenos a todos os cidadãos de maneira plural. Para atender ao objetivo foram selecionados os quatro primeiros vídeos de até dez minutos de duração na plataforma de internet YouTube que traziam como temática a ideologia de gênero. Em todos os vídeos encontramos os “defensores” da moral cristã e da família tradicional, que transformaram as pessoas LGBTQI e as mulheres feministas num inimigo ser combatido a qualquer custo. A ampla divulgação da falsa premissa da “ideologia de gênero” despertou um pânico moral, um retrocesso social, num momento de lutas e conquistas na promoção da igualdade de gênero e sexuais. Sem contar que a partir da promoção do alarme e pânico sociais fica cada vez menos perceptível que tais posicionamentos tiveram sua gênese na religião, contribuindo para adesão de outros setores da sociedade como políticos e gestores públicos que somam-se na luta de defesa da família tradicional. Por este motivo que é importante a introdução dos estudos de gênero nas mais diversas instâncias sociais, inclusive a escola, para disseminar um conhecimento voltado para a aceitação da diferença, visto que nestas instituições a norma repassada é a regra heterossexual, tornando-a natural e até mesmo compulsória.