O presente trabalho busca discutir a importância da representação queer, especificamente lésbica, nas obras cinematográficas produzidas atualmente e como tem se dado essa representação. Para isso, foi analisado o filme francês Azul é a cor mais quente, do diretor Abdellatif Kechiche que tem como foco principal a relação amorosa entre duas mulheres, e que gerou inúmeras polêmicas quando do seu lançamento por conta das condições de trabalho impostas pelo diretor tanto à equipe de produção quanto às atrizes principais. Partindo disso, utiliza-se da pesquisa bibliográfica, principalmente das terias de Foucault e Butler, como referencial para este artigo a fim de demonstrar que questões de gênero e sexualidade são performances culturais construídas ao longo da história através dos mecanismos de poder difundidos no corpo social. O longa ainda perpetua muito da noção predominante que tem o critério biológico como a única determinante para a definição de gênero e sexualidade. Dessa forma, aqueles que divergem da heternomatividade e/ou do gênero biologicamente imposto são tratados como anormalidades, exceções à regra imposta cultural e historicamente. Assim, defende-se aqui que a sexualidade e o gênero dos indivíduos não têm nada a ver com o critério biológico imposto socialmente. Trata-se de criação cultural e, por isso, passível de mudança. O objetivo é analisar de que forma a representação da relação homoafetiva no filme é marcada por discursos heterossexista e, ao invés de romper com esse discurso, atua como um perpetuador dele. Isso porque, nas entrelinhas do filme, ainda é possível perceber traços dessa cultura heteronomativa