O estudo teve como objetivo realizar uma análise teórica acerca da heteronormatividade como regulação das identidades sexuais e de gênero, destacando os efeitos produzidos no cotidiano da vida social e no cotidiano escolar. Deste modo, buscamos contribuir com referenciais teóricos numa perspectiva de problematizar as regulações heterossexistas e trazer à tona as identidades de gênero e sexualidades que se apresentam como resistências, subversões e enfrentamentos à hegemonia dos padrões heteronormativos. Nesse sentido, priorizamos questionar as regulações de gênero e das sexualidades que se dão na cotidianidade da vida em sociedade; e, indagar os movimentos curriculares que (re)produzem a heterossexualidade no cotidiano da escola. Esse trabalho caracterizou-se como uma pesquisa bibliográfica e utilizou-se do materialismo histórico dialético enquanto método que perpassou o estudo. Como alguns dos principais resultados e discussão desse estudo vimos que a lógica heterossexista sustentada pela heteronormatividade perpassa diferentes dimensões da vida cotidiana, atravessando aspectos políticos, sociais, culturais, sexuais e muitos outros. Captamos que as múltiplas formas de viver e manifestar os prazeres e desejos corporais são originadas e construídas socialmente, contrariando a primazia da naturalidade que lhes são atribuídas. Depreendemos que os corpos atribuídos aos homens e às mulheres são regulados desde a infância, tendo seus desdobramentos e implicações no cotidiano da vida social e também da vida escolar, pois essas regulações e atribuições do que deve ser próprio de menino e de menina, de homem e de mulher, isto é, de como percebemos e decodificamos as marcas dos corpos dos indivíduos influencia na forma como classificamos e julgamos determinados sujeitos pelo modo como se apresentam corporalmente. Como notas conclusivas enfatizamos a necessidade de discussão da regulação das identidades de gênero, das sexualidades e dos corpos no cotidiano da vida social e também os efeitos desse processo de regulação no cotidiano da vida escolar, trazendo para a centralidade do debate a opressão vivenciada por aqueles/as que apresentam corpos que se diferenciam daquilo que hegemonicamente atribuem aos corpos que atendem à lógica da heteronormatividade. Convém demarcar que na medida em que esses/as subvertem as regulações de masculinidades e feminilidades que lhes são impostas, cenas de discriminação, preconceito e opressão passam a ser vivenciadas, sentidas e sofridas em seu cotidiano. Em se tratando do cotidiano escolar, cabe ressaltarmos que essas opressões são causas que aparecem como justificativas do abandono das trajetórias escolares de muitos/as estudantes, nos levando à necessidade de problematizarmos a LGBTfobia no contexto educacional e também priorizarmos os mecanismos de enfrentamentos a este cenário hostil e perverso, enquanto compromissos de pesquisas e estudos que se colocam na ordem do dia e como compromissos de bandeiras e lutas cotidianas que julgamos importantes de serem encampadas.