Esse trabalho faz parte da minha dissertação de mestrado. A passividade traduz como
uma pessoa transgênera pode ser lida como pessoa não-trans em sua forma física, roupa,
estilo de falar, gesticular e reproduzir de acordo com os atuais estereótipos de gênero em
nosso universo ocidental. "Passar" é o mesmo que ser reconhecido na vida cotidiana como
alguém que está de acordo com as normas de gênero. Passar, para algumas pessoas trans,
é um aspecto fundamental, seja para a prevenção da violência ou para a satisfação pessoal.
Com o objetivo de desconstruir a narrativa dos corpos naturalizados nas práticas culturais,
proponho refletir sobre a regulamentação dos corpos transgêneros e dissidentes na relação
das normas de gênero vigentes na sociedade hegemônica-ocidental-colonial. Tomo como
ponto central as categorias de passividade e cisnormatividad na interlocução com os
processos de transição de gênero. Procuro entender sobre as forças normativas da
regulação corporal usando diferentes ferramentas tecnológicas, como hormônios (para
homens trans) e protese de mama (para mulheres trans) que são mecanismos que atuam
nas leituras dos sujeitos de uma metodologia etnográfica. Considero a passividade como
uma categoria de análise para expor as vivências e experiências de várias expressões e
identidades corporais, como a passabilidade é uma exigência da cisnormativa se faz
necessário apontar possíveis estratégias de re-leituras para os contextos predeterminados
em nossa sociedade ocidentalizada. Esta pesquisa tem como objetivo registrar os limites
dessas estratégias performativas, transferindo a crítica para a passividade cis-normativa
hegemônica como a única válida e aceitável. Compreendo que a passividade é uma forma
de proteção, entende-se que as pessoas trans com passabilidade estão menos expostas à
violência física e simbólica porque não são reconhecidas como papéis de gênero
desviantes. Finalmente, a passividade cumpriria os atributos estereotipados da
legitimidade de gênero que está sendo expressa por alguém que depende de um parceiro
que o identifique em enquadres binários de gênero, onde pode passar e não deixa nenhuma
dúvida. A epistemologia utilizada nesta pesquisa é a transfeminista decolonial escrita
desde o sul global. Por fim, busco discutir os efeitos pré-discursivos sobre os corpos que
supõem destruir os significados cisnormativo compartilhados pela sociedade, trazendo
caminhos que desmantelarão as reflexões sobre as normas vigentes e as relações de poder
em conjunto com outros eixos da diferença social, como raça e classe.