Numa perspectiva que vai de encontro a um ensino prescritivo da língua, o qual privilegia normas e imposições, o presente trabalho busca oferecer um caminho teórico e prático tendo por tema a categoria discursiva do posicionamento. Para isso, pautamo-nos na concepção funcionalista da linguagem e no ensino como espaço de reflexão para criar uma atividade de leitura e escrita direcionada ao ensino fundamental de 3º e 4º ciclos, tendo por referências os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental de Língua Portuguesa (BRASIL, 1988) e autores tais como Bakthin (2003), Pêucheux (1997), Maingueneau (2006), van Dijk (2008, 2010) e Colaço (1998). Nossa metodologia consiste numa discussão teórica aliada à proposição de tarefas que abordam o posicionamento como mecanismo utilizado nos textos, o qual se presta a influenciar os discursos dos sujeitos. Sob essa perspectiva, os posicionamentos podem servir para manter as desigualdades sociais ou podem se prestar à contestação das relações assimétricas de poder. Como resultado da aplicação da atividade, identificamos que a maior parte dos alunos se encontram no nível de leitura metalíptico, visto que, durante a interação e a resolução dos itens, eles relacionaram as situações abordadas no texto ao seu contexto de forma situada, identificando a categoria de posicionamento como aspecto relevante para compreensão dos sentidos do texto. Verificamos assim a necessidade de a escola adotar o ensino de Língua Portuguesa como espaço para a reflexão crítica, unindo teoria e prática, as quais emergem da visão de língua como matéria viva e cotidiana de nossa sociedade.