Este trabalho tem como objetivo analisar a obra Os cus de judas (1979) de António Lobo Antunes que utilizou o contexto de guerra e degradação do homem para narrar os horrores da guerra. O romance está ambientado em um momento histórico, marcado pelo delineamento das novas fronteiras geográficas e territoriais, desenhadas pelos movimentos de libertação das antigas colônias dos países europeus, como Portugal. Tomando este contexto como cenário, António Lobo Antunes escreve um relato autobiográfico, no qual conta, de forma detalhada, o dia-a-dia da guerra, suas mazelas, angustias, dores e saudades produzidas pela hostilidade da guerra. Para tanto o trabalho utilizou como fundamentação a teoria crítica Pós-colonial, através dos autores, Bernd (2004), Bhabha (1998) Hall (2005), Abdala Júnior (2004). Nessa perspectiva percebemos que depois de ter sobrevivido e vivenciado a guerra o eloquente ex-combatente apreende o verdadeiro papel da guerra em animalizar sua força de ação, reduzindo o homem a animal, que é descartado, rejeitado e esquecida socialmente. Por tudo isso, o narrador tornou-se um homem profundamente solitário, pois vivia sobrecarregado pelo peso da guerra e sufocado pelo sofrimento que vivenciou nos campos de batalha.