Há certa inexistência de estudos voltados para a tradição da literatura, de forma mais condensada, do gênero teatral, devido ao fato deste ter surgido no Brasil, a partir do século XIX. Neste momento, é o romance que passa a ser, por excelência, o lugar em que se discute o mundo burguês. Nessa época, o teatro brasileiro não se desenvolveu, pelo contrário, se enfraqueceu e sua natureza passou a ser desenvolvida de forma popular cômica, ou seja, a comédia e a farsa, como subgêneros teatrais, é que foram valorizados. Nota-se que o teatro popular, pelo fato de não ser ?cópia? do teatro francês, foi deixado em segundo plano, principalmente o teatro nordestino que provocava as camadas sociais mais altas e abria espaço para o popular, desde a criação de estereótipos até a temática discursiva de denúncia social. Dessa forma, o gênero teatral apresentava certa dificuldade para ser aceito na sociedade; até a própria acadêmica, por isso o pouco conhecimento em relação ao gênero, o que reverberou nos currículos do curso de Letras, em virtude de muitos não avistarem o potencial do gênero. Além disso, pelo fato de ser considerado bifrontal, visto que articula encenação e o texto literário, muitas vezes, o teatro perdeu espaço para outros gêneros como a prosa e a poesia. Contudo, após os estudos culturais, o teatro volta em primeiro plano devido à própria proposta de vincular a literatura e outras artes. Nesse sentido, busca-se discutir a importância da natureza teatral nos estudos literários e suas potencialidades que apresentam criação coletiva e é considerado um processo que vai desde a leitura do texto literário teatral até a encenação. Isso nos possibilita apresentar que o teatro é centrado no sujeito coletivo e atua nos processos de criação de forma ativa. Ressalta-se que aproveitam-se para essas discussões as lições de Candido (2004); Lukács (2000); Bakhtin (2000) e Rosenfeld (1997).