Nascer e crescer no circo é um modo de vida que se diferencia bastante do padrão de vida estabelecido pela sociedade contemporânea, sobretudo no que diz respeito às formas de moradia, aprendizado, convivência social e do acesso à educação formal. Levar uma vida nômade traz obstáculos e adversidades, que dificulta o acesso das pessoas que vivem no circo à escola, principalmente devido às exigências impostas pelo sistema de ensino brasileiro, cuja exigência de regularidade, de certa forma, impede a continuidade dos estudos de muitas crianças e jovens de família circense. Sabe-se a rigor, que para iniciar os estudos em uma instituição escolar, uma criança precisa estar regularmente matriculada, ter pontualidade, assiduidade, realizar tarefas, além de se submeterem à um processo de avaliação realizada pelos professores, exigências difíceis de serem cumpridas pelas crianças e jovens circenses em função do modo de vida de suas famílias. Preocupado com essa realidade, o presente trabalho tem como objetivo analisar como as pessoas de família circense, realizam o processo de educação formal, visto que vivem em condições de itinerância. Nesse sentido, esse artigo problematiza o acesso das crianças e jovens circenses ao sistema escolar, os obstáculos enfrentados a partir de narrativas coletados em entrevistas com artistas circenses, seus familiares e professores. Confrontam-se questões sobre educação formal e não formal e a legislação brasileira que atende a essas especificidades. Fundamenta-se na Constituição Federal Brasileira (CF 1988), no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), na Lei de Diretrizes e Bases da Educação LDB (9394/1996), CNE (Conselho Nacional da Educação), MEC, em Projetos de Lei da Câmara dos deputados. Dialoga com autores que tratam da referente temática, bem como autores que defendem a perspectiva de uma escola democrática e inclusiva. Dentre outros: Xavier (2009), Santana (2012), Silva e Abreu (1996), Brandão (2007), Saviani (1991).