Precursor do Naturalismo no Brasil e autor de obras célebres, Aluísio Azevedo está entre os nomes mais importantes da literatura brasileira do século XIX. Apesar de ser um escritor respeitado no âmbito literário, seu lado contista ainda é pouco conhecido. Partindo disto, o presente artigo tem o desafio de apresentar e interpretar um de seus contos, Inveja, inserida na coletânea de contos Demônios (1895), de modo a analisar as influências que os agentes sociais (característica marcante do Naturalismo) exercem na construção do conto em questão. Para tanto, tais discussões serão tecidas à luz das teorias de autores e estudiosos consagrados na área, como, por exemplo, Bosi (2015), Pietrobom (2012) e Zola (2001). Isto posto, convém mencionar que o personagem principal do conto, o jovem Padre, tendo sido obrigado a seguir a vida religiosa, apresenta, no decorrer do enredo, comportamentos questionadores e revoltosos quanto as regras da própria Igreja Católica, uma vez que, sentindo aflorar os seus instintos mais íntimos, observa todos seres, dos racionais aos irracionais, compartilhando os prazeres do amor, enquanto que ele enfrentaria o fado de uma vida solitária e hipócrita. Portanto, constata-se que o conto configura-se como uma espécie de mimese reflexiva e ácida da sociedade brasileira do século XIX, pois sua construção baseia-se em críticas reais às entidades religiosas, focalizando questões relacionadas aos instintos humanos e aos preceitos religiosos de castidade.