O debate sobre cultura africana e afro-brasileira, na educação básica e no ensino superior, esteve reduzido nos currículos e materiais didáticos pelo modelo de ensino eurocêntrico do Brasil. No início do século XX a temática emerge, sobretudo, a partir das lutas mediadas pelo Movimento Negro Unificado devendo ser inserido, obrigatoriamente, nos currículos de educação básica, o ensino de História e Cultura Afro-brasileira com base na Lei 10.639/2003 e no ensino superior segundo a Resolução nº 1, de 17 de junho de 2004 do Conselho Nacional de Educação. O trabalho analisa como as temáticas de História e Cultura Afro-brasileira e Africana vem sendo inseridas nos cursos de licenciatura em Geografia e História da Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos FAFIDAM/UECE. Realizamos levantamento bibliográfico, coleta de dados secundários junto a órgãos oficiais, análise do Projeto Político dos cursos de Geografia e História da FAFIDAM e entrevistas semiestruturadas com professores. Ainda que pontualmente, a temática se revela nas práticas curriculares de alguns professores pesquisados. Embora existam disciplinas, em ambos os cursos, que permitem o aprofundamento da discussão, a exemplo da intitulada ?História da Cultura Afro-Brasileira? no curso de História, ainda há dificuldades de inserção no processo formativo de professores, sobretudo, na Geografia. A proposta de educação para as relações étnico-raciais, prevista na Lei 10.639/2003, aponta a necessidade de reelaboração teórico-metodológica do ensino para a valorização da diversidade cultural, além de oportunizar a reflexão sobre a importância de discutir, no processo formativo de professores, questões negligenciadas e, às vezes, erroneamente apresentadas nos materiais didáticos.