O objetivo deste artigo é compreender a construção da identidade social da jovem mulher militar oriunda da formação superior na Escola Naval, instituição secular na formação de jovens oficiais da Marinha do Brasil e que recebeu, em 2014, as primeiras doze mulheres graduandas. Este estudo é de cunho qualitativo, bibliográfico exploratório, cujo instrumento de coleta de dados foi um questionário aplicado às alunas no período de adaptação à vida militar. O quartel tem por característica ser um território de homens, principalmente por envolver atividades de risco, força e de forte rigor da disciplina. A mudança estrutural nas relações entre gêneros evoluiu consideravelmente nos últimos anos, e como somos frutos de uma construção social histórica, uma vez abertas as oportunidades, as mulheres estão demonstrando seu valor e sua capacidade de decisão e liderança. O período deste estudo em questão é uma fase de transição brusca e intensa, uma verdadeira "peneira", que visa levar à desistência as pessoas que não possuem vocação ou força de vontade suficiente para o ingresso na carreira militar. No momento inicial de formação de um pequeno grupo de pioneiras, que representava 1,5% do total de discentes, verificou-se que elas começaram a conhecer as identidades sociais militares, o seu estilo de vida e os seus valores, e conscientizadas sobre a profissão escolhida, de dedicação à Marinha e à Pátria, sem se esquecerem de que são mulheres e cidadãs, integrantes ativas de uma sociedade que busca respaldo para uma Nação desenvolvida, forte, livre, unida, justa e soberana.