O processo de urbanização no mundo capitalista transformou as cidades em espaços voltados para e baseados na lógica consumista. Nessa dinâmica espacial, só cabem nos ambientes urbanos aqueles que têm condições de se integrar à ideologia e às práticas de consumo. Sendo esse processo também aliado à industrialização e à atenuação da desigualdade social e da divisão de classes, formaram-se, nas urbes, diferentes guetos, onde aglutinam-se indivíduos de acordo com sua capacidade de participação de tal logística de capital. Nesse ínterim, o arquiteto francês Henri Lefebvre criou o conceito de direito à cidade, como uma proposta de garantia à participação de todas as pessoas na vida urbana, em um processo democrático e democratizante. Assim, o presente trabalho se propõe a analisar como se situam as mulheres trans, grupo excluído do acesso a quase todos os espaços na cidade e no campo, em relação às demandas pelo direito à cidade, a partir da análise dos filmes Tangerine, Clube de compras Dallas e Ópera do malandro, que ilustram a vida de personagens trans nessa logística de segregação.