Este trabalho tem como objetivo discutir a violência e o sofrimento social que atinge a população de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis – LGBTT. A temática da diversidade sexual e de gênero no âmbito das políticas públicas em geral tem se tornado cada vez mais um campo emergente ao se trabalhar com as vulnerabilidades e violências sofridas cotidianamente por essa população. Ao assumir identidades e sexualidades divergentes da norma heterossexual as pessoas LGBTT se tornam alvo da violência e do preconceito em diferentes espaços e momentos de suas trajetórias. Nesta perspectiva, entrevistamos cinco pessoas LGBTT (um homem homossexual, duas mulheres lésbicas e duas mulheres transexuais) do interior do Recôncavo da Bahia para compreender, a partir de suas histórias de vida como a discriminação e as agressões de forma diversa afligem estas pessoas. Utilizando a etnografia e as histórias de vida, observamos que o ambiente familiar e os espaços escolar e de trabalho continuam sendo altamente intolerantes às sexualidades e identidades diferentes da heterossexualidade. A intersetorialidade das políticas públicas passa a ser, então, uma dimensão valorizada à medida que não se observavam a eficiência, a efetividade e a eficácia esperadas na implementação das políticas setoriais, primordialmente no que se refere ao atendimento das demandas da população e aos recursos disponibilizados para a sua execução. Neste sentido, indicamos que uma discussão interseccional e intersetorial se faz imprescindível para debater e reduzir o preconceito em diversos setores (escola, família, empresas, serviços de saúde) considerando a porosidade e a multiplicidade que fundamentam a construção das identidades e vivências LGBTT.