LIMA, Diôgo Souza. Repressão e liberdade sexual no novo cinema pernambucano. Anais V ENLAÇANDO... Campina Grande: Realize Editora, 2017. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/30739>. Acesso em: 25/11/2024 11:31
Esse trabalho tem como base a pesquisa ainda inicial para desenvolvimento no mestrado na Universidade Federal da Bahia. Se insere no campo da sociologia da arte, e tem por objeto a representação de comportamentos sexuais e a sua repressão social nas obras ficcionais Tatuagem (Hilton Lacerda, 2013) e Baixio das bestas (Cláudio Assis, 2007). Ambas integrantes do “Novo Cinema Pernambucano”, tomado aqui como um movimento, mesmo não formalizado. Essa denominação pode ser tomada para efeito de pesquisa devido ao fato deste cinema apresentar semelhanças significativas em suas formas representacionais, pois a questão da tradição/modernidade perpassa as obras fílmicas da retomada do cinema no Estado de Pernambuco. A questão norteadora deste cinema, qual seja, a do questionamento das relações patriarcais diante da emergência da modernidade encontram-se fortemente presentes nas obras que pretendemos estudar, Baixio das Bestas e Tatuagem, que interpõem rural e urbano, repressão e liberdade. Esse projeto pretende-se uma análise sociológica e estética das obras cinematográficas citadas, importantes pelo seu conteúdo e repercussão, evidenciado nas premiações, discutindo também o próprio movimento cinematográfico, e porque Pernambuco se destaca na produção nacional de filmes. Os filmes escolhidos serão analisados esteticamente e sociologicamente, usando a técnica de découpage, que consiste na fragmentação de cenas para uma análise mais detalhada, e no seu reagrupamento a posteriori para uma continuidade da análise e interpretação do todo.Tal procedimento leva em conta que é necessário contextualizar a obra com informações externas sobre o diretor, a recepção do filme, as críticas, a apreciação dos próprios diretores etc., no entanto, não considera esses elementos como determinantes para a análise da película, uma vez que, a obra é relevante por si mesma e pelas representações que contem. Fazendo uma interseção entre cinema e sexualidade, podemos constatar que o sexo já foi tão censurado no cinema que as cenas só tinham insinuação do que iria acontecer, os casais entravam no quarto e havia uma elipse de conteúdo. Até mesmo a gravidez era um tabu, muitas mulheres engravidavam nos filmes, mas o corpo não sofria as transformações características. No entanto, isso mudou tanto que atualmente temos filmes quase que inteiramente voltados para essa questão. No Brasil as pornochanchadas, comedias eróticas sem sexo explícito, que obtiveram grande destaque durante a ditadura militar, na década de 1970, escancararam o teor sexual no cinema, quebrando tabus que imperavam até então. A análise dos discursos que Foucault aborda nas obras História da Sexualidade I e II serão levadas em consideração para a análise das obras cinematográficas escolhidas pelo seu valor histórico e por sua capacidade axiológica ao fornecer categorias que nos permitem compreender a normatividade na sociedade moderna. No entanto, considero, ao mesmo tempo, ser necessário compreender o papel da repressão sexual na civilização e, no caso específico do nosso objeto de estudo como o cinema a refigura, por isso a crítica de Marcuse à categoria da repressão sexual em Freud, nos permite pensar os limites impostos ao exercício da sexualidade e um horizonte de uma sexualidade mais livre.