Este texto traz um recorte da Tese de Doutorado em Educação que problematizou as Práticas de governamentalidade da sexualidade no Programa Vale Juventude. A partir de uma analítica genealógica inquirimos os documentos do referido Programa que tem como objetivo promover a “educação afetivo-sexual” de jovens dos territórios de abrangência da Empresa Vale mantenedora da Fundação Vale responsável pelo Programa. Indagamos as práticas de governamentalidade, as formas de controle individual e coletivo construídas no currículo do referido programa, uma vez este foi concebido por uma Fundação Privada em parceira com o Instituto Aliança e foi colocado em prática por professores de escolas públicas dos municípios das áreas de abrangência da Empresa Vale. Aqui destacamos alguns aspectos que justificaram a criação do Programa tendo como foco a sexualidade da juventude, pois tanto a sexualidade quanto os jovens se tornaram alvo de governamentalidades constituídas por diferentes instituições públicas e/ou privadas. No Programa Vale Juventude a sexualidade é tratada como “negócio do social” que governamentalizada materializa preocupações na administração de aspectos biológicos da vida individual e coletiva dos jovens ligados à sexualidade. A privatização e a publicização da intimidade e da sexualidade da juventude são aspectos paradoxais que se constituem no Programa Vale Juventude ao atrelar a possibilidade de constituir “jovens produtivos” à “boa” administração de sua sexualidade. Sob a insígnia da formação, da prevenção, da proteção, da orientação, do cuidado as técnicas de governamentalidade são articuladas na diferentes atividades propostas pelos Cadernos de Oficinas, compondo formas de controle e gestão da sexualidade dos jovens associados a questões econômicas, sociais, educacionais.