O presente trabalho visa desnaturalizar e desestabilizar a abordagem hegemônica sobre a constituição histórica do Acre que torna invisível a presença de mulheres nos seringais e na cultura forjada nesse espaço. E se constitui em um recorte da tese: O corpo humano no currículo do ensino de ciências, da escola primária, no Território Federal do Acre: uma perspectiva histórica, defendida no Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências da Universidade Federal da Bahia. A narrativa apresentada utiliza aportes da História Cultural, emprega a técnica da análise de conteúdos e fundamenta-se em um conjunto de séries documentais, que incluem fotografias, ilustrações, jornais e documentos oficiais da área de educação. Desta forma, produz-se uma narrativa em que se entrelaçam gênero, cultura e educação. Pois, a perspectiva hegemônica na história do Acre e do Brasil sistematicamente celebra e enaltece o masculino e preteri ou silencia a história de mulheres. Por conseguinte, urge trazer a lume a perspectiva das mulheres na construção histórica, no social e nas tramas da cultura, visto ser de fundamental importância à compreensão da contribuição feminina para a organização social, econômica e cultural não apenas dos seringais, mas da sociedade acreana, assim como ao próprio processo de forjar as identidades e aos papéis atribuídos a elas e à conquista da equidade de gênero.