Uma análise sobre situações de violência de gênero enfrentadas por mulheres moradoras da moradoras da periferia do Rio de Janeiro, que apresentam alguns indicadores em comum: a baixa escolaridade, a exclusão do mercado de trabalho, o território vulnerabilizado, a escassez dos serviços de proteção social, ou seja, um recorte de classe. A despeito de algum conhecimento acerca da Lei 11.340/2006, elas nunca denunciaram seus companheiros aos serviços e equipamentos específicos previstos na legislação ou normativas pertinentes. A realização de entrevistas narrativas permitiu acessar suas histórias e as estratégias de resistência adotadas, buscando respaldo na tríade de conceitos habitus – capital cultural – campo, nos estudos de gênero, violência e família. Os resultados denotam a existência de formas de enfrentamento à violência de gênero, a partir de estratégias construídas pelas mulheres no contexto sociocultural de que fazem parte, possibilitando o questionamento de explicações essencialistas, binárias e judicializantes.