O reconhecimento jurídico das uniões estáveis entre casais do mesmo sexo, pelo Supremo Tribunal Federal no dia 05 de maio de 2011, foi a mais significativa conquista para a efetivação da cidadania homossexual no Brasil. Tal fato nos despertou o interesse acadêmico de compreender se as relações homoafetivas rompem com a heteronormatividade e com os papéis sociais tradicionais de gênero. Discrutiremos, nesse trabalho, a possível reprodução de valores considerados heteronormativos entre os casais homossexuais. É importante entender quais as consequências da possível reprodução desses valores nas uniões homoafetivas para avançarmos nos estudos de gênero. Nesse sentido, é importante refletir se o direito conquistado pelo movimento homossexual permite que o Estado regule e controle as homossexualidades dentro dos padrões heteronormativos? Dessa forma, pode parecer paradoxal, mas como pensar garantias de direitos sociais, políticos e econômicos para os LGBTs sem que haja uma normatização das sexualidades pelo Estado? Nesse sentido, nosso desafio é: como pensar em modelos de conjugalidades homoafetivas que não sejam heteronormativas? Quais as representações de gênero desses casais? Tentaremos problematizar algumas questões que nos possibilitem pensar esse desafio em termos políticos, sociais e teóricos. Para isso, realizamos entrevistas com casais homoafetivos masculinos.