Este trabalho tem por objetivo analisar como as personagens do conto “Uma praiazinha de areia bem clara, ali, na beira da sanga” passam por um processo cíclico de (auto) repressão, silenciamento e memórias de dor, restando como único gesto de amenizá-lo o ato de escrita/narração em forma de confidencia para com o leitor. Comparada às narrativas contidas na historiografia literária brasileira que trazem a afetividade homossexual como patológica ou sob a ótica da degeneração, a escrita de Caio Fernando Abreu passa a promover novos olhares às afetividades a partir das suas narrativas. Neste conto, as memórias entremeadas de dor, saudade e clausuro do narrador-personagem são colocadas no centro da narrativa, de modo que o leitor é testemunha do processo repressivo e de opressão vivido pela protagonista, esta, destituída de nome e que precisa recorrer ao desterro como forma de fuga do seu homicídio e do seu desejo pelo outro, este outro já mortificado, restando no presente um caráter memorialístico mediante os fatos narrados.