Este trabalho objetiva analisar a personagem Maria Déa/Bonita com foco na construção da identidade feminina na peça literária “Lampião”, de Rachel de Queiroz. Buscar-se-á, para a interpretação da obra, estudar a identidade, questões de gênero e o feminino. A história ocorre, de maneira incipiente, com a protagonista supracitada que após aceitar um convite do rei do cangaço, abandona os filhos e o esposo para segui-lo. Em primeiro momento não consegue mais se enxergar como mulher que tem a obrigação de cuidar de seus filhos/marido. Destarte, Maria Déa deixa este nome e ganha um codinome entre o grupo de jagunços, e passa a ser chamada de Maria Bonita. Após isso, um novo olhar analítico imerge-se, já que identidades se intercruzam. Além do mais, as concepções ideologizadas influenciam subjetivamente o gênero a partir de uma perspectiva sociocultural. Vale ressaltar, que o gênero feminino tanto no limiar histórico quanto no teatro fictício cogita de uma herança cultural de inferioridade. Toda essa construção (sociocultural) e desconstrução da personalidade feminina que tenta “fugir” dos paradigmas fixos na obra, acaba por resultar em um enlaçado de padrões e “despadrões” que “Maria” tende a revelar. Sendo assim, destaca-se que a esposa, pacata, com filhos e inferiorizada, altera sua imagem patriarcal, inclusa no lar. Isso corrobora para uma “desaquertipação”. Maria é uma mulher desenraizada em sua forma de pensar/agir, porém ainda permanece a mercê do seu cangaceiro. O enredo apresenta uma perspectiva da personagem fragmentada, com hábitos e ações que tomam forma díspar de um gênero essencialmente “dominado”, no decorrer da obra. Assim, os estudos neste entendimento transmitem uma imagem social intercruzada por meio de uma produção literária que confronta a cultura “privada” da mulher/personagem. Para pertinência do exposto, é necessário residir informações contextualizadas a partir das ações da personagem. Este trabalho é um convite a conhecer a figura de Maria Déa/Bonita pela ótica de Racheliana.