Objetiva-se articular alguns conceitos que giram em torno de práticas autobiográficas no contexto da plataforma audiovisual online do YouTube. Toma-se como ponto de partida as inquietações iniciais da pesquisa de doutorado do autor sobre o modo como pessoas que se identificam socialmente como LGBT têm utilizado essa plataforma. Entre outros aspectos, acredita-se que há uma produção de saberes sobre sexualidade e gênero baseada no compartilhamento de experiências de vida dessas pessoas através dos relatos de si, incitados pelo próprio contexto do YouTube, o que remete ao dispositivo de sexualidade, conforme teorizado por Michel Foucault em sua História da Sexualidade. Com base na ideia de saberes localizados, proposta por Donna Haraway, defende-se que esse conhecimento, em diálogo e tensão com os saberes hegemônicos (acadêmicos, jurídico, religioso etc.), participa na reconfiguração do dispositivo de sexualidade. A revisão bibliográfica contempla a fundamentação com base nos estudos feministas e queer, além do recorte de trabalhos acadêmicos que versam sobre práticas autobiográficas no YouTube e audiovisualidades na web.