Na historiografia feminina brasileira a imagem da mulher negra é ressignificada a partir do ideário de hipersexualização colonial. Exótica, objeto sexual, fogo nato, sensual e culpabilizada por ‘provocar’ os homens, sendo sua alcunha denominada pelas entrevistadas de, as “negas” dele. Este artigo resulta de excertos oriundos das narrativas de histórias de vida evocadas por mulheres baianas trabalhadoras rurais das cidades de Governador Mangabeira e Muritiba durante pesquisa de campo do doutorado em andamento sobre violências de gênero e mulheres rurais. Em meio as falas elas evocaram a ‘traição’ de seus maridos ao manterem vínculos afetivos extra conjugais com mulheres, denominadas pelas informantes de, as “negas” dele. Considerar a opressão e desvalorização da mulher negra na sociedade contemporânea arraigada por traços patriarcais/ machistas/ sexistas/ racistas, este artigo propõe analisar e problematizar à luz da literatura específica e empiria, o imaginário social capaz de coisificar e demarcar lugar social da mulher negra, estigmatizada e estereotipada por marcadores de diferenciação como gênero raça. Outrora a mulher negra escravizada e submetida ao estupro colonial, violência sexual naturalizada na época pela classe hegemônica branca e consequentemente, origem da miscigenação, um dos pilares da enaltecida democracia racial. Conserva-se na atualidade continuum comportamento masculino que subvaloriza e oprime a mulher e independe se cônjuge ou não, a misoginia atua. Os arremates contextualiza a mulher negra, sujeito político e sua superação da opressão de gênero e raça e classe social.