A prática de atividade física enquanto cultura corporal do movimento estruturou-se através de segregações socioculturais. No caso dos esportes, o corpo masculino tange-se através de uma contraposição ao feminino e vice-versa. A partir destes expostos e das constantes manifestações de violência contra grupos queer, aqui compreendidos como sujeitos desviantes da heteronormatividade, o objetivo do estudo foi relatar a experiência de um corpo queer em uma corrida de rua buscando responder à seguinte pergunta: de que maneira as pessoas respondem à presença de um desviante em territórios demarcados pelas convenções de gênero? Para tanto, utilizamos uma abordagem qualitativa e o método de experimentação de campo. O autor realizou a prova de 5 km da Etapa Primavera realizada no Rio de Janeiro trajando a camisa do evento e um short saia, o que desencadeou olhares, cochichos, risos e comentários maldosos. Evidencia-se que a presença de corpos que se manifestam de maneiras diferentes ao convencional não é absorvida, apenas indigesta. Ser queer e expressar-se queer, mesmo que num momento de lazer e recreação torna-se perigoso para a sociedade, que tão atrelada às suas significações de mundo, adota para si ideologias excludentes. A corrida de rua, enquanto elemento de performance, recreação ou ainda de lazer é, assim como os demais espaços sociais, regida pelas convenções de gênero e sexualidades heteronormativas, sujeitando o queer a um espaço limitado, marginalizado e sem o reconhecimento de sua própria identidade.