O presente artigo surge da necessidade de uma pesquisa voltada para as questões de inserção e veiculação de obras literárias advindas da cultura negra na sociedade brasileira, visto que tais produções ainda são marginalizadas e folclorizadas, fortificando, assim as práticas racistas excludentes. Diante do exposto, sentimos a necessidade de realizar uma análise dos aspectos estruturais do romance O Racismo ensinado aos meus filhos, de Nei Lopes, um dos principais pesquisadores brasileiros da cultura africana que, por meio de sua postura engajada, ressignifica a forma de fazer arte literária. Objetivamos ressaltar, na referida obra, os operadores da narrativa e destacar os elementos literários que contribuem para que os afrodescendentes tomem a palavra e, como sujeitos da enunciação, reafirmem sua identidade e resistam aos padrões impostos pela esfera dominante. Fundamentamo-nos em conceitos de Proença Filho (2004), Duarte (2008), Cuti (2010) que tratam das manifestações negras na literatura brasileira; nas ideias de Santos (2016) que estão relacionadas a aspectos étnico-raciais e introdução de práticas inclusivas no contexto social; em Cândido (2011) que aborda o papel humanizador da literatura; em Franco Junior (2009) que trata dos operadores da narrativa, entre outros. Acreditamos que a presente investigação possa suscitar novas pesquisas e a possibilidade de revisão de práticas sociais desiguais e discriminatórias.