Atualmente, percebemos que a educação física e o esporte escolar voltam seus olhares, em sua maioria, nas correntes tradicionais de esportização e desenvolvimento motor. Sabemos que a área pode trazer discussões ricas em valores éticos, morais e questões psico-sociais, devido às suas estratégias de ação e a imprevisibilidade que as atividades nos proporcionam. Este trabalho vem de encontro com o que pensamos sobre a EF, pois se a disciplina for cuidadosamente planejada e executada, estes alunos podem desenvolver habilidades motoras, sociais, emocionais e morais inestimáveis para toda a vida.
É comum pensarmos na educação física como uma disciplina complementar, e nítido que as expectativas em torno da área estão ficando mais baixas para os alunos, pais e professores. Isso se deve ao fato que o tradicionalismo da disciplina, a preferência da escola e comunidade com outras áreas do conhecimento, bem como a evolução digital, trazem o desinteresse dos alunos para as aulas. Pois obedecemos a um sistema social fugaz e voraz, que prevalece a avaliação tradicional, quantitativa e competitiva, valorizando e dissociando ainda mais o cognitivo do emocional, o cyber do face a face, e ao final do processo, transformando esses alunos em indivíduos superficiais no contexto das emoções.
Esta pesquisa visa entender quais as competências e as habilidades que nas aulas de educação física ajudam a desenvolver o aprendizado emocional, e como esses conhecimentos adquiridos interferem nas interações sociais, e também como a psicologia do esporte pode contribuir para o trabalho de tais interações.
A opção metodológica será a pesquisa-ação e realizar-se-á em estreita articulação da teoria e prática, com ação ou resolução de problema coletivo, em que participantes e pesquisadores, representantes da situação ou do problema, estarão envolvidos de maneira cooperativa e/ou participativa. A pesquisa será realizada com alunos do oitavo ano do ensino fundamental II em 2017, em Campinas.
Serão utilizados os instrumentos de observações participantes, entrevistas coletivas e individuais bem como questionários, no começo, durante e ao final do período da pesquisa, onde serão medidos, quali-quantitativamente os momentos e em que intensidade as emoções aparecem em cada aluno, nas situações rotineiras do período escolar e nas aulas de EF, nas quais os alunos desenvolverão atividades dirigidas, seguindo o cronograma anual dos conteúdos previstos.
Esperamos, assim, comprovar a hipótese de que agregando os conhecimentos da psicologia do esporte na disciplina educação física podemos contribuir muito para a educação emocional de nossos alunos e ser novamente indicada como uma área importante do conhecimento, que se cuidadosamente planejada e executada, pode sim ser transformadora. Fugindo do tradicionalismo presente na disciplina e colocando os aspectos sócio-emocionais em uma escala de importância elevada, para que a disciplina seja reconhecida ainda mais por sua formação realmente plena.