Segundo a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), o Atletismo brasileiro superou metas nos Jogos Olímpicos do Rio. Porém, o desempenho pode ser questionado, por exemplo: das 47 provas (masculino e feminino) disputadas, o Brasil esteve entre os oito melhores em 6 (12.77%) delas (salto com vara masculino, 20 km marcha atlética masculino, 20 km marcha atlética feminino, arremesso do peso, revezamentos 4x100 e 4x400 masculino); e somente 9 atletas (13.43%) fizeram suas melhores marcas da temporada nos Jogos do Rio. Nesse sentido, a presente pesquisa tem como problema o entendimento dos gestores do atletismo competitivo organizado no Brasil sobre o desenvolvimento desta modalidade. Como objetivo principal busca analisar a perspectiva dos gestores atuais do atletismo brasileiro sobre as ações, os facilitadores e barreiras para o desenvolvimento deste esporte. Para tanto, recorremos às entrevistas semi-estruturadas a 5 gestores brasileiros da modalidade de atletismo selecionados de forma intencional, de modo que representavam em 2016 diferentes entidades da modalidade no Brasil, sendo: 1 gestor de uma equipe municipal; 1 gestor de uma equipe de alto rendimento; 1 gestor de uma federação estadual; e 2 gestores da CBAt. Os dados coletados foram organizados a partir dos preceitos do método Análise do Conteúdo. O seguinte roteiro foi contemplado nas entrevistas: 1) caracterização do participante (idade, formação acadêmica e atuação profissional); 2) experiências da profissão (dificuldades, facilitadores na formação de atletas e no esporte de alto rendimento, perspectivas para o esporte); 3) ações de desenvolvimento (iniciativas, programas esportivos). Esse estudo apresenta a frequência de aparição (f) dos códigos das categorias e subcategorias e, foram criadas a partir das entrevistas as seguintes categorias de análise: Atletas (f=39.69%); Técnicos (f=34.83%); e Incentivo financeiro (f=25.48%). Em termos de resultados, identificamos que equipe municipal oferece condições para o atleta se desenvolver no atletismo nas fases de iniciação, formação e especialização esportiva. No entanto, a entidade municipal ainda não oferece condições para manter o atleta na fase de alto desempenho, em um processo de longo prazo. Todos os gestores reconhecem que o Brasil necessita encontrar onde estão os jovens atletas com potencial esportivo e definir o caminho dos mesmos no Atletismo. Podemos concluir que mudou a gestão da CBAt, mas as dificuldades para se desenvolver a modalidade no país, continuam as mesmas. Os gestores precisam melhorar a comunicação com os técnicos no sentido de trabalharem em conjunto, para o atleta obter a melhor performance nas principais competições. O discurso de que, somente o suporte financeiro não é responsável por resultados, foi uma constante para os entrevistados, sendo esse, um fator que precisa de cautela para que não desoriente o treinamento de alguns atletas.