Humanizar é olhar o outro como único, entendendo suas dores, aflições, pesares e que, além de tudo, é um ser único, possuidor de valores e direitos éticos. O processo de humanização requer compromisso e responsabilidade em prol do bem-estar da pessoa, olhando-o como indivíduo, além de valorizar as relações interpessoais, nos elementos altruístas do cuidado, oposto ao modelo médico-tecnicista. O objetivo deste estudo é relatar a vivência de acadêmicos de enfermagem sobre o cuidado humanizado em terapia intensiva. Trata-se de um relato de experiência, desenvolvido após estágio do componente curricular Atenção ao Paciente Crítico, no Hospital de Trauma de Campina Grande – PB. A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é tida como o setor hospitalar que mais desperta medo e angústia nos usuários e em seus familiares, e isso pode ser devido à própria patologia ou pelo tratamento e assistência ofertados. Lá, o usuário é constantemente submetido a procedimentos complexos e que, pela rotina do serviço, tendem a tornar-se mecanizados. Os profissionais acabam olhando o sujeito como alguém que necessita somente dos cuidados e aparatos tecnológicos, esquecendo-se de sua autonomia, singularidade e humanidade. A Política Nacional de Humanização (PNH), lançada em 2003, visa implementar uma assistência mais humanizada, propõe um cuidado mais voltado à qualidade de vida, articulando os recursos tecnológicos ao olhar holístico. A vivência durante o estágio nos inquietou ao percebermos que, em relação ao paciente crítico, nem sempre o cuidado ofertado é humanizado, fato evidenciado quando os profissionais dirigiam-se aos pacientes para a realização dos procedimentos necessários. Isso nos faz repensar, também, que a construção de um cuidado respeitoso e humanizado inicia na própria formação profissional, no desenvolver de um olhar sensível à singularidade do outro, na alteridade, vendo-o além dos aparatos tecnológicos que necessita. Nesse sentido, a experiência vivenciada permitiu-nos refletir que a assistência que o enfermeiro presta pode e deve ser desenvolvida sob os preceitos humanísticos, mesmo que o usuário esteja em condições críticas de saúde e que este, na maioria das vezes, não perceba, com exatidão, o que se passa ao seu redor.