A sociedade está em constante mudanças, não só nas estruturas físicas, mas nas tecnologias e no estilo de vida. Ao longo dos séculos, importantes fatos ocorreram e impulsionaram diferentes reações na população, como as grandes guerras, que comoveram e comovem até hoje e fizeram muitos modificarem sua concepção sobre como o mundo não é tão perfeito assim. Pode-se ver isso nas distopias do século XX em que escritores como George Orwell e Ray Bradbury expuseram suas indignações nos livros 1984 e Fahrenheit 451. Mas não foi só nesse século. No século atual, escritoras como Suzanne Collins e Veronica Roth puderam mostrar sua opinião com os livros Jogos Vorazes e Divergente. Mesmo com a diferença de tempo, com os acontecimentos diferentes, a distopia continua querendo mostrar o mesmo: as indignações. O objetivo desse trabalho é mostrar, em um cotejamento dialógico entre Fahrenheit 451 e Jogos Vorazes, como as distopias se modificam juntamente com a situação histórica em que são concebidas, mas como, ainda assim, dialogam em diversos pontos. Como resultados, tem-se pontos iguais quanto a como o governo age e pontos opostos quanto ao público-alvo. Para essa investigação, a pesquisa se ancora na concepção dialógica de linguagem e de gênero de Mikhail Bahktin, de leitura como exercício da contrapalavra presente em Freire e Geraldi e de distopia, segundo Evanir Pavloski a fim de compreender esse gênero. A pesquisa se insere na área da Linguística Aplicada e se orienta por uma perspectiva interpretativista para a análise das obras se orientando pelo método indiciário de Ginsburg.