Neste estudo trabalhamos com a carta como espaço literário alicerçado na vida intelectual, cultural e política de uma época. Segundo Moraes (2009), a carta é por definição uma partilha, que apresenta diversas faces: "é um objeto (que se troca), um ato (que coloca em cena o "eu", o ele e os outros), um texto (que se pode publicar)", desde que se respeitem questões éticas e patrimoniais ligadas à publicação. Pretendemos a partir da leitura deste gênero hibrido discutir uma proposta de estudo acerca da concepção de literatura e de texto literário com os alunos do primeiro período do curso de licenciatura em Letras. Para tanto, foram selecionadas cartas das escritoras Henriqueta Lisboa e Clarice Lispector. Embasamos as discussões nos estudos de Abreu (2006), Moraes (2009), Chartier (2001), Galvão e Gotlib (2000).