Cientes de que toda ação docente mobiliza, direta ou indiretamente, um conjunto de princípios teóricos, é possível, por meio dos instrumentos didáticos utilizados e dos textos/discursos produzidos pelo professor, reconhecer saberes que subjazem a sua prática. Neste artigo, defendemos que as sequências didáticas, propostas por Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004), enquanto instrumentos didáticos, revelam não só a teoria que embasa o agir docente, como também as reflexões e reconfigurações realizadas pelo professor em sua práxis. Assim, tomamos como objeto de estudo as diversas versões de uma Sequência Didática produzida, no primeiro semestre de 2016, por professores em formação inicial sob a orientação de uma professora da educação básica, bem como as reflexões por eles apresentadas em um relatório descritivo do trabalho realizado na execução do projeto Nas trilhas da Língua Portuguesa: o texto em foco. Tal projeto faz parte do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), do curso de Letras - Língua Portuguesa da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), e é desenvolvido no Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente José Jofilly, uma escola da rede estadual de ensino no munícipio de Campina Grande-PB. Nosso objetivo, portanto, é analisar como as alterações realizadas na Sequência Didática revelam as reconfigurações do trabalho docente, bem como identificar, nas versões da SD e nas reflexões apresentadas no relatório, as representações dos saberes docentes construídas a partir das experiências vivenciadas nesse projeto. Trata-se de um estudo qualitativo, realizado por meio de uma pesquisa ação, que se insere na Linguística Aplicada e toma como pressuposto teórico o Interacionismo Sociodiscursivo (BRONCKART, 2006; BRONCKART e MACHADO, 2004, MACHADO, 2007), bem como as noções de classificação dos saberes docentes proposta por Tardif (2013). A análise empreendida nos permite ressaltar a importância da Sequência Didática tanto como instrumento para o ensino aprendizagem de novas práticas de linguagem, como também para as reflexões e reconfigurações do trabalho docente, além disso ratifica como os saberes docentes estão sempre em um processo dinâmico de (trans)formação, contribuindo para o desenvolvimento do indivíduo.