Este trabalho é parte de uma pesquisa mais ampla, intitulada “A formação inicial do professor de português e o estágio curricular”, desenvolvida no âmbito do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) da UFPE. A investigação, em seu conjunto, foi motivada pela necessidade de refletir sobre os modos como os estagiários atribuem sentidos às experiências vividas nos estágios curriculares de observação e regência de classe. Dessa forma, buscamos perceber se há diferenças nesses processos interpretativos conforme o lugar a partir do qual o graduando faz a leitura da prática – como observador ou como docente – e as implicações disso para a formação profissional. No subprojeto específico que gerou este estudo, tivemos como objetivo analisar e discutir como o estagiário vivencia e interpreta sua própria prática de professor de português da educação básica durante o estágio de regência de turma. Para construir o referencial teórico, embasamo-nos em autores como Diniz-Pereira (2010), Santos e Lonardoni (2001), Silveira (2011), Garcia (2010) Siqueira e Messias (2008), que, dentre outros fundamentos, refletem sobre temas relativos à epistemologia da prática, e ao estágio curricular como campo de conhecimento, espaço privilegiado de articulação entre teoria e prática, e atividade de pesquisa. Nossa investigação foi orientada por uma abordagem quanti-qualitativa, descritiva e interpretativa. Os dados foram gerados a partir de gravação e registro em diário de pesquisa dos relatos orais feitos pelos licenciandos no seminário de encerramento da disciplina Estágio Curricular Supervisionado em Português 3 (regência de turma do ensino fundamental 2 – 6º ao 9º ano), do curso de licenciatura em Letras-Português da UFPE. Os resultados mostraram que demandas e questões emergenciais da escola em diversos aspectos acabam por tirar o foco dos estagiários daquilo que os constitui como professores de português (saberes disciplinares, definidores do objeto de ensino). Constatamos que os licenciandos apresentam dificuldades quanto à elaboração didática dos conteúdos específicos da sua área de formação. Além disso, o estágio foi confirmado como um importante momento de reflexão sobre a prática docente e é através dele que o futuro professor tem a oportunidade de aprender a avaliar e reavaliar sua própria prática. Durante a pesquisa também verificamos o papel expressivo do professor supervisor no sentido de orientar a prática do estagiário em seu período de regência. O professor supervisor também tem importância no processo de constituição da identidade profissional do estagiário. Percebemos que, a partir das reflexões na e sobre a prática, o futuro professor se (re)afirma como tal.