O ensino da gramática, no Brasil, teve início no século XIX, a partir da promulgação da Lei de 15 de outubro de 1827.O Artigo 6º dessa Lei já indicava a obrigatoriedade do ensino da leitura, da escrita e da gramática da língua nacional. Em 1961 ocorreu a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 4.024, que, embora não trate da obrigatoriedade do ensino do referido eixo linguístico, os docentes continuaram investindo no ensino da gramática. A mesma ocorrência pode ser observada nas LDBs 5.692, de 1971 e 9.394, de 1996, que não tratam explicitamente do ensino da gramática nas aulas de Língua Portuguesa, mas essa prática continuou sendo vivenciada nas escolas de educação básica em todo o país. As teorias linguísticas que tratam do uso e das regularidades desse uso foram desenvolvidas no século XX, a partir do advento do estruturalismo. Acompanhamos ao longo desse século a unidade de pesquisa da Linguística ser ampliada do fonema ao discurso. Embora as diferentes abordagens da língua venham se expandindo nas últimas décadas, o livro didático de Língua Portuguesa ainda não incorporou essas orientações. Diante dessa fato, a nossa pesquisa se propõe a analisar evidências da abordagem funcionalista no tratamento da transitividade em livros didáticos do Programa Nacional do Livro Didático, direcionados aos alunos do ensino médio. Os encaminhamentos metodológicos adotados para a nossa pesquisa consta da análise da seção que trata da transitividade em dois livros didáticos do 2º ano de Língua Portuguesa do ensino médio, observando a frequência do uso de atividades que partem dos contextos de uso, e ainda o tipo de gramática que predomina nessa seção. Adotaremos como referencial teórico da nossa pesquisa a definição dos tipos de gramática, bem como a abordagem das categorias que constituem a transitividade, com base em Martellota (2013). Contemplaremos ainda as orientações legais para o ensino da gramática propostos pela LDB vigente e instrumentos norteadores da construção do currículo, como os Parâmetros Curriculares Nacionais, Referenciais Curriculares Nacionais e Orientações Curriculares Nacionais, direcionados ao ensino médio, já que o nosso corpus é constituído por dois livros didáticos de Língua Portuguesa direcionados ao 2º ano, onde a transitividade é explorada. Em virtude de já trabalharmos estratégias de formação com professores de Língua Portuguesa do ensino médio, observamos que as coleções selecionadas tratam os conteúdos a partir do uso de textos, como contexto para a abordagem da gramática normativa. Portanto, a nossa perspectiva é identificarmos indícios da abordagem da gramática funcionalista.