Sabe-se que por meio do estudo do léxico de uma língua é possível verificar como cada sociedade organiza a realidade em seus diferentes aspectos. Nessa perspectiva, concebe-se que a língua não serve apenas como um meio de comunicação entre indivíduos, mas, sobretudo, como um sistema de valores sociais, culturais e históricos. Assim, a Língua Brasileira de Sinais – doravante Libras – apresenta em seu repertório lexical sinais que dizem muito sobre a relação entre a língua e esse complexo sistema de valores e, como reflexo dessa relação, encontram-se os “sinais proibidos”, sinais que designam os valores, as crenças e a cultura dos seus usuários, materializados em tabus linguísticos, itens lexicais decorrentes das restrições sociais e da não permissão de se pronunciar/utilizar todo o repertório linguístico a que o falante está exposto, sobretudo no tocante ao processo de aquisição da língua pela criança surda. A partir das definições de tabu linguístico propostas por Guérios (1956) e Augras (1989) e da definição de variação linguística proposta por Labov (2008), este trabalho objetiva apresentar os resultados preliminares dos estudos em andamento sobre os tabus linguísticos na Libras em São Luís - Ma, tomando como objeto de análise as variantes dos sinais designativos para “prostituta”, “homossexual”, “menstruação” e “sexo” coletadas por meio de entrevistas com usuários surdos.